Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos

Caso: Taquaril dos Fialhos (BA)
Violações e retrocessos de direitos humanos sofridos pela comunidade Taquaril dos Fialhos no município de Licínio de Almeida na Bahia

No encontro dos biomas Cerrado e Caatinga, no sudoeste do estado da Bahia, está Taquaril dos Fialhos, uma comunidade rural do município de Licínio de Almeida, distante 750 km da capital Salvador. Com rica fauna e flora, a região em torno da comunidade tem uma abundante disponibilidade hídrica. É graças às águas de 11 nascentes da Serra do Salto e ao vale de terra fértil que sobrevivem dezenas de famílias, instaladas na região há mais de 100 anos, cultivando frutas, hortaliças, legumes e criando pequenos animais.

Os modos de vida, a garantia de trabalho na roça, o sustento retirado da agricultura familiar e, em outras palavras, a própria existência da comunidade de Taquaril dos Fialhos, estão em risco desde que começaram as ofensivas de mineradoras para exploração de minério de ferro na região. As primeiras investidas por minérios sobre o território de Taquaril dos Fialhos começaram a ser feitas, em 2007, pela Bahia Mineração (Bamin), empresa pertencente à mineradora Eurasian Natural Resources Corpotation (ENRC). Após a Bamin deixar de importunar a comunidade, foi a vez da Greystone Mineração do Brasil Eireli que obteve a primeira licença de pesquisa mineral na comunidade de Taquaril dos Fialhos, em 2011.

No entanto, o relatório de pesquisa que ela produziu foi desaprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O veto foi justificado com o inciso II do artigo 30 do Código Mineral: constatação de insuficiência dos trabalhos ou deficiência técnica na sua elaboração. Mal o processo da Greystone foi arquivado, outro foi instaurado na mesma área de 1278,17 hectares. Mudou a numeração e o requerente, mas o objetivo era o mesmo: explorar minérios de ferro e de manganês. O titular passou a ser a SRA Mineração, microempresa localizada no distrito de Brejinho das Ametistas, em Caetité. A SRA pagou as taxas anuais por hectare exigidas pela ANM, mas não cumpriu o prazo para a entrega do relatório final. Após pedir prorrogação, repassou o direito para a Companhia Vale do Paramirim Participações S.A (CVP), do geólogo e empresário João Carlos de Castro Cavalcanti. Então, desde 2018, a CVP tem assediado os moradores, virtual e presencialmente, conseguindo autorizações para realização de pesquisa mineral no território da comunidade.

A comunidade de Taquaril dos Fialhos mobiliza-se contra a pesquisa mineral por saber que esta é o ponto de partida para um processo de eliminação. A exemplo do que ocorreu com comunidades vizinhas de Antas e Palmitos, que deixaram de existir após terem de ceder seus territórios para pesquisa, sendo desapropriadas em nome da exploração de minério de ferro, as famílias atualmente se encontram em situação de miserabilidade. A mineração impacta diretamente na qualidade de vida e na restrição do acesso aos direitos humanos da população, como água, moradia e alimentação.

Entre os impactos elencados estão: IMPACTOS COMUNITÁRIOS (divisão das comunidades; remoção de populações locais de suas terras; perda de modos tradicionais de vida; desvalorização de outras formas de uso do território; criminalização de movimentos sociais; mortes por acidentes e violência). IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS (resíduos tóxicos de processos de mineração causam a contaminação do solo, de lençóis freáticos e de superfícies das águas, além de poluição do ar). Resistindo, travando batalhas contra mineradoras, a Associação dos Pequenos Agricultores de Taquaril dos Fialhos (Aspat) articula-se com parceiros de movimentos e organizações sociais que os apoiam em diversas estratégias e incidências para garantir um território livre de mineração.

O caso Taquaril dos Fialhos é monitorado pela AMDH em parceria com a Associação dos Pequenos Agricultores de Taquaril dos Fialhos (ASPAT), que é a organização de referência nesse projeto de monitoramento DH em Ação.

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"Nosso passado pulsa em cada palmo desse chão. É por isso que nós continuaremos defendendo: para que nossas histórias não sejam levantadas pelas poeiras de minério."
Andréia Lisboa
Professora e militante do MAM

Ações/Visitas

Local do caso

No encontro dos biomas Cerrado e Caatinga, no sudoeste do estado da Bahia, está Taquaril dos Fialhos, uma comunidade rural do município de Licínio de Almeida, distante 750 km da capital Salvador. Com rica fauna e flora, a região em torno da comunidade tem uma abundante disponibilidade hídrica. É graças às águas de 11 nascentes da Serra do Salto e ao vale de terra fértil que sobrevivem dezenas de famílias, instaladas na região há mais de 100 anos, cultivando frutas, hortaliças, legumes e criando pequenos animais.

Os modos de vida, a garantia de trabalho na roça, o sustento retirado da agricultura familiar e, em outras palavras, a própria existência da comunidade de Taquaril dos Fialhos, estão em risco desde que começaram as ofensivas de mineradoras para exploração de minério de ferro na região. As primeiras investidas por minérios sobre o território de Taquaril dos Fialhos começaram a ser feitas, em 2007, pela Bahia Mineração (Bamin), empresa pertencente à mineradora Eurasian Natural Resources Corpotation (ENRC). Após a Bamin deixar de importunar a comunidade, foi a vez da Greystone Mineração do Brasil Eireli que obteve a primeira licença de pesquisa mineral na comunidade de Taquaril dos Fialhos, em 2011.

No entanto, o relatório de pesquisa que ela produziu foi desaprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O veto foi justificado com o inciso II do artigo 30 do Código Mineral: constatação de insuficiência dos trabalhos ou deficiência técnica na sua elaboração. Mal o processo da Greystone foi arquivado, outro foi instaurado na mesma área de 1278,17 hectares. Mudou a numeração e o requerente, mas o objetivo era o mesmo: explorar minérios de ferro e de manganês. O titular passou a ser a SRA Mineração, microempresa localizada no distrito de Brejinho das Ametistas, em Caetité. A SRA pagou as taxas anuais por hectare exigidas pela ANM, mas não cumpriu o prazo para a entrega do relatório final. Após pedir prorrogação, repassou o direito para a Companhia Vale do Paramirim Participações S.A (CVP), do geólogo e empresário João Carlos de Castro Cavalcanti. Então, desde 2018, a CVP tem assediado os moradores, virtual e presencialmente, conseguindo autorizações para realização de pesquisa mineral no território da comunidade.

A comunidade de Taquaril dos Fialhos mobiliza-se contra a pesquisa mineral por saber que esta é o ponto de partida para um processo de eliminação. A exemplo do que ocorreu com comunidades vizinhas de Antas e Palmitos, que deixaram de existir após terem de ceder seus territórios para pesquisa, sendo desapropriadas em nome da exploração de minério de ferro, as famílias atualmente se encontram em situação de miserabilidade. A mineração impacta diretamente na qualidade de vida e na restrição do acesso aos direitos humanos da população, como água, moradia e alimentação.

Entre os impactos elencados estão: IMPACTOS COMUNITÁRIOS (divisão das comunidades; remoção de populações locais de suas terras; perda de modos tradicionais de vida; desvalorização de outras formas de uso do território; criminalização de movimentos sociais; mortes por acidentes e violência). IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS (resíduos tóxicos de processos de mineração causam a contaminação do solo, de lençóis freáticos e de superfícies das águas, além de poluição do ar). Resistindo, travando batalhas contra mineradoras, a Associação dos Pequenos Agricultores de Taquaril dos Fialhos (Aspat) articula-se com parceiros de movimentos e organizações sociais que os apoiam em diversas estratégias e incidências para garantir um território livre de mineração.

O caso Taquaril dos Fialhos é monitorado pela AMDH em parceria com a Associação dos Pequenos Agricultores de Taquaril dos Fialhos (ASPAT), que é a organização de referência nesse projeto de monitoramento DH em Ação.

Materiais da AMDH sobre o caso

1. Relatório de casos no contexto da Covid-19

Capítulo: Violações sofridas pela comunidade Taquaril dos Fialhos, na Bahia
Esta publicação é resultado da ação de documentação e monitoramento de violações de direitos humanos no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil. A ação é uma realização da Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil (AMDH), sob coordenação do MNDH Brasil, do PAD e do FE ACT Brasil, e com participação direta de cerca de 100 organizações e movimentos sociais que atuam com direitos humanos em boa parte dos Estados Brasileiros. O relatório de casos especifica as violações e apresenta recomendações aos órgãos e instituições locais, nacionais e internacionais, relativos a cada caso apresentado. O material possui um capítulo completo detalhando o caso de Taquaril dos Fialhos (BA).

2. Episódio temático no Podcast DH em Ação

Episódio #2: Comunidade Rural Taquaril dos Fialhos (BA)
Desde 2007, com a chegada de mineradoras na região, as famílias da comunidade rural Taquaril dos Fialhos, em Licínio de Almeida, no sertão da Bahia, vivem sob constante incerteza sobre o futuro. A comunidade fica no pé da Serra do Salto, a 750 Km de Salvador. Lá moram 35 famílias agricultoras. Rico em minério, Licínio de Almeida é um dos oito municípios da região chamada Província Mineral do Vale do Paramirim que estão na mira das mineradoras. Canoeiro e um povo isolado. O Podcast Direitos Humanos em Ação é mais um dos materiais produzidos do processo de monitoramento intitulado “DH em Ação”, que acompanha situações de violações de direitos humanos que envolvem grupos e coletivos em diferentes regiões do Brasil.

3. Material especial do caso para Agenda Internacional

Material informativo disponível em português, inglês e alemão entregue em agenda internacional realizada em setembro de 2024 pela Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil. Juntamente de seus representantes, a exposição dos casos nas agendas internacionais teve objetivo de denunciar as violações de direitos humanos decorrentes dos resultados dos modelos de desenvolvimento que se impõe sobre as comunidades e territórios, com o foco nos impactos das mudanças climáticas sobre o meio ambiente e sobre a vida das comunidades e territórios. Na ação, o Sistema Internacional de Direitos Humanos e o Estado Brasileiro foram convocados para o seguimento e adoção de posicionamentos e de ações concretas para o enfrentamento das violações decorrentes das denúncias apresentadas pelas lideranças das comunidades e territórios.

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